Monday, December 25, 2006

...a mão, a gaiola e a ilusão.

... e aquela mãozinha tá aqui de novo... achei que ela tinha cansado de mim... de verdade achei, por um instante, que eu não a veria mais. Nunca mais. Doce ilusão. Dessas doces de verdade, mais doce que marmelada, que marshmallow com chocolate, mais doces do que os dias doces da minha vida. A ilusão faceira, que armou, brincou, pintou e bordou. E agora me deixa aqui, com a mão que aperta, mais um vez. A mão, a gaiola, a ilusão. São três mais uma vez. Eu pensei que agora era um só. Pensei que só com o sonho dava pra viver. Mas não, não dá. Sonhos parecem verdade quando a gente esquece de acordar. E o mundo parece perfeito, pra quem também esquece de acordar. Mas um dia a gente acorda. Ou com o barulho, ou com um chacoalhão, ou apenas acorda, pois cansou de sonhar. E ai é hora, de pegar as coisas, colocar nas costas e andar. Com gaiola, com a mão, com a ilusão. Se tiver sorte, uma delas te abandona no meio do caminho. Não porque cansou de você. Mas porque parou pra fazer alguma coisa no meio do caminho. Parou pra apurrinhar outro, enquanto te deixa livre pra sonhar. Mas elas te alcançam de novo. A mão, que vem mais forte pra apertar com mais vontade. A gaiola, que faz vc voltar a estaca zero, como sempre, como toda santa vez. E a ilusão, que cada vez experimenta um açucar diferente, pra vir cada vez mais e mais doce. Como não poderia deixar de ser. A mão. Todo mundo já experimentou. Quem não, não tá vivo, ou nunca viveu. A mão vai direto no coração. Ela não gosta de outro lugar. É tão certeira que só o coração fica atingido por ela. Ela vem, entra sem pedir licença , mal-educada mesmo e aperta...aperta, aperta, até sufocar. Não dá chance, nem ar entra, de tão apertado que fica o coração. Ela vem em forma de dor, de angústia, de saudade. Quando ela vem na última forma é quando ela aperta mais. É quando ela machuca pra valer. É das vezes que tá tão apertado que não dá nem pra gritar, não dá nem pra respirar. É quando a gente acha que não vai sair vivo. Mas, no fim, feliz ou não sempre sai. A gaiola. Eu já falei dela aqui. Ela fica dentro do passarinho. Do passarinho que já está livre, mas que não consegue voar, pois não tira a gaiola de dentro dele. Ela as vezes dá sinal de vida, só pra cutucar o passarinho. Não que essa seja a intenção da gaiola. Ela nem sabe que cutuca. Mas coitado do passarinho, quando a gaiola aparece. AHH, passarinho... que não voa.. e quando voa, não consegue ir muito longe, tão pesada é sua gaiolinha. A ilusão. Essa é conhecida. Cada um têm a sua. Essa que me acompanha é impulsiva, é 8 ou 80. É com ela que tomo as decisões mais malucas, corto meu cabelo, vou pro fim do mundo, gasto todo meu dinheiro, aposto minhas últimas moedas naquilo que ilusoriamente julgo ser melhor. O problema da ilusão é que ela não fica o tempo todo. Se ficasse, tudo bem, seria tudo sempre doce. Mas ela vem, cutuca, dá aquela animadinha e sai correndo. E vai embora. Mas logo mais volta. Com outra cara, outro disfarce, com outro charme. Mas doce. Sempre doce.

1 comment:

Anonymous said...

Nossa....
Mas profundo, só um poço artesiano!!!
Um dia, quem sabe eu não chego lá???
Beijossssssssssssssssss
Te amo!
E estarei aqui sempre, coração a coração!